Escritório Jurídico precisa de Planejamento Estratégico?

O período entre outubro e dezembro é quando as grandes empresas costumam realizar as reuniões a fim de atualizar e/ou elaborar o Planejamento Estratégico para o ano seguinte. Mas o que isso tem a ver com escritórios jurídicos?

Essa é a pergunta que muitos advogados ainda fazem para consultores e para si mesmos.

Bancas de advogados precisam otimizar a produtividade, precisam pagar salários dos colaboradores e tributos diversos, precisam de recursos e ferramentas operacionais, precisam conquistar clientes que proporcionem receitas e precisam administrar o negócio com foco em gerar lucro a fim manter a sua saúde financeira. Enfim, um escritório jurídico é uma empresa com CNPJ, portanto precisa fazer tudo o que uma empresa faz para sobreviver no mercado cada vez mais competitivo.

E isso significa também que o Escritório Jurídico precisa de Planejamento Estratégico.

Eu comecei minha jornada no mercado jurídico em 2009, época em que terminava a Era Romântica de esperar o telefone tocar trazendo clientes rentáveis milagrosamente. Naquele momento estavam caindo as resistências e barreiras sobre falar de Marketing para Advogados. Mais do que isso, estava caindo o mito de que marketing é sinônimo de publicidade mercantilista agressiva. Finalmente havia nascido o entendimento de que Marketing Jurídico está relacionado à gestão estratégica da banca.

Planejar e gerenciar significa estabelecer controles e processos sobre uma série de variáveis. Quanto maior o número de variáveis e quanto mais complexas elas forem, maior a dificuldade do gerenciamento. Em tempos de incerteza como o que estamos vivendo atualmente, essa premissa se torna ainda mais relevante para advogados garantirem a sobrevivência de suas bancas.

No Planejamento Estratégico serão definidos os objetivos, estratégias e metas que orientarão o sucesso do escritório. A tarefa não é simples, pois envolve parar por alguns dias os principais sócios, gestores e líderes operacionais a fim de se dedicarem à elaboração do Planejamento anual. No ambiente complexo atual, também envolve pensar em inovação no modelo de negócio e definir caminhos para a digitalização e automação do escritório.

Questões como Posicionamento, imagem da Marca Jurídica, Presença Digital, análise da concorrência, diagnósticos de mercado, mapeamento de processos, indicadores de performance e estimativas financeiras também deverão constar nas definições a serem elaboradas.

Tradicionalmente o Planejamento Estratégico é um documento extenso e complexo, mas não é desse formato que estou tratando aqui. Em ambientes de incerteza não há espaço nem tempo para algo que custe meses para ser elaborado. Minha sugestão é desenvolver um roteiro enxuto que possa ser aplicado por escritórios pequenos e médios. A forma mais ágil de colocar a estratégia elaborada em prática é através dos Planos de Ação. Estes devem conter o cronograma de cada objetivo ou projeto, bem como as tarefas detalhadas, as metas, os indicadores de performance (KPIs) e os responsáveis por cada uma delas.

O ideal é que o escritório tenha esse Planejamento Estratégico pronto em meados de dezembro de modo que possa ser implementado logo nos primeiros dias de janeiro. Mesmo que ocorram atrasos por conta do recesso jurídico, o importante é decidir que 2022 será um ano mais controlado por ter um planejamento a orientar as ações do escritório rumo ao crescimento.

De modo a oxigenar as ideias e a condução das reuniões pode ser útil contar com um gestor de projetos ou consultor empresarial que tenha domínio das ferramentas de diagnósticos e análises, dos métodos ágeis e das dinâmicas com Design Thinking.

Planejamento Estratégico é sim uma atividade mandatória para Escritórios Jurídicos que desejam se manter competitivos no mercado. A criação de uma cultura organizacional voltada para a estratégia e para a digitalização é o primeiro passo para construir uma banca de sucesso.