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Marca Pessoal e Presença Digital

Apesar do rótulo novo, este assunto já é discutido há tempos sob o nome de marketing pessoal. Sem entrar no mérito de polêmicas definições etimológicas, vou tratar ambos os conceitos como sinônimos, afinal no âmbito da Presença Digital ambos possuem a mesma significância. Inicialmente pode soar estranho tratar pessoas como marcas, já que estamos habituados a verificar esta ideia associada a produtos e serviços. Entretanto o rótulo é plenamente aplicável ao lançar mão dos conceitos já explanados de posicionamento, imagem e reputação. Todos os atributos de uma marca empresarial podem facilmente ser relacionados a indivíduos, logo podem ser planejados e gerenciados a fim de adotar um papel ativo na percepção que o mundo tem destes indivíduos.

O exemplo mais óbvio são as personalidades públicas e celebridades, as quais invariavelmente utilizam técnicas de marketing pessoal para consolidar sua imagem perante o público. As pessoas mais realizadas, ou de maior destaque, são aquelas que criam valor para suas marcas pessoais e  logo o disseminam no trabalho, entre seus conhecidos e na sociedade. Claro que existem aqueles bad boys com atitudes negativas e questionáveis, mas mesmo estes estão criando suas marcas pessoais, ainda que às avessas.

Assim como existe o gerenciamento da marca corporativa, a marca pessoal também deve ser construída e administrada com cuidado. Para se destacar é preciso explorar aquilo que torna o indivíduo único e especial. Criar e disseminar os diferenciais da mesma forma como as marcas comerciais fazem para constituir sua identidade. No Marketing existe a disciplina de Branding que trata da construção e gestão da marca e de onde podemos extrair conceitos poderosos para a marca pessoal.

Segundo Philip Kotler “Uma Marca é essencialmente uma promessa da empresa de fornecer uma série específica de atributos, benefícios e serviços uniformes aos compradores. Em termos mais práticos, um dos primeiros e mais importantes passos é ter uma visão muito clara do que move o seu negócio, qual é a essência da sua atuação. Os clientes e consumidores querem conhecer as suas verdades, os seus propósitos e não apenas os seus objetivos de vendas.

Outro ponto importante é definir o Posicionamento da Marca, ou seja, uma declaração que sintetiza como a Marca se diferencia na mente de seus clientes e o espaço que ela pretende ocupar no mercado. Os atributos da marca são ideias e associações relacionados à marca por seus públicos. Eles definem como a marca deseja ser percebida pelas pessoas com quem se relaciona.

Após definidas as estratégias da marca, devem ser elaboradas as estratégias de comunicação. A primeira ação desta etapa é a criação de uma Identidade Visual que transmita claramente padronização e sintonia com a cultura da marca. O logotipo é o principal elemento da identidade visual, mas também fazem parte as cores, tipologias e elementos gráficos.

De todas as ações de comunicação possíveis para divulgar a sua marca nenhuma se mostra hoje tão importante como a Presença Digital e a interatividade com seus públicos. Da comunicação corporativa às campanhas publicitárias tudo agora passa pelo universo digital, onde o público passou a interagir com as marcas e tornou-se o seu porta-voz.

Um conceito que vem sendo cada vez mais utilizado é o de Storytelling, cujo conceito pode variar em função do ponto de vista pelo qual é abordado. Sociologia, religião, história, política e literatura são algumas das diferentes áreas que se utilizam da propriedade de contar histórias para transmitir e compartilhar conhecimentos. Não por acaso, mas porque contar e ouvir histórias é intrínseco à natureza humana. A maneira mais simples de se aplicar o Storytelling é contando a real história da própria marca (ou profissional). Claro que esta também é a forma mais óbvia e nem sempre possui carga dramática suficiente para gerar uma história atraente. Embora o conceito seja simples, encontrar ensejos que possibilitem histórias, e mais ainda, desenvolver o roteiro e criar a narrativa são tarefas bastante complexas que exigem bom conhecimento técnico.

Por fim, outro ponto importante é gerenciar o limite entre  vida pessoal e profissional. Em casos de profissionais com reconhecimento público, ambos os aspectos devem ser gerenciados. Pessoa são seres únicos e o lado pessoal é indissociável do profissional, principalmente nesta era de utilização intensa das redes sociais. É muito importante ter uma “linha editorial” bem definida sobre o que será publicado nos perfis pessoais e profissionais e mesmo assim, tomar os devidos cuidados para não misturar os papéis.